quarta-feira, 24 de outubro de 2012

DILEMA PESSOAL

O que foi dito e não dá mais,
pra voltar atrás
pra se esconder...

A mesma história, o mesmo ponto
a falta de intenção,
a mágoa e a canção.

Aonde vai chegar?
O que posso fazer...
sem ti?
Pra onde foi meu ar?
Como é que vou viver...
sem ter você aqui?
Deixar as marcas de um passado,
ou voltar atrás?
Viver a mesma estória...

O talento pra discussão,
a fé e a razão,
o vidro se quebrou?

Qual a resposta?
Cadê a solução?
Como fazer?
Não quero abrir-mão,
da nossa história,
nossa glória,
nosso amor sem-fim

(ao viver minha própria história e partilhar da dor de dois amigos; vieram-me essas poucas palavras que tentaram tampar as nossas feridas.

Sobre meus amigos? Hoje estão bem, seguindo juntos em frente.
Sobre mim? Talvez a poesia não tenha sido suficiente para tampar os buracos de tantos corações... Resido em esperar até o tempo cicatrizar e remendar os cacos do que outrora fora meu coração.

Sob os dedos de Gustavo Costa, nos braços do violão e naquele garrancho vocal que ele insiste em exprimir, hoje essas palavras se tornaram em canção.)

domingo, 21 de outubro de 2012

ANTÍFONA EM MI MENOR

Contrariedades invadem minha mente,
Mentem sobre si, confundem-se em si,
Jogam-me duras penas de sobriedade por brincadeira
E afastam as certezas que outrora me regiam.

Mostram a cruel batalha de meu ego estim,
Trazem a perversa vertigem da imposta inércia do só ver,
Para que minh' alma se perturbe e tente fugir de si

Contrariedades antagonizam e tentam me abater
À mercê de um nada cabal sentimento de (des)esperança.
Forjam e se fundem em loucuras catastróficas,
Metabolizam impossibilidades...

Ferem, mal-tratam e rejeitam por vontade,
Gemem monstruosamente como gelo na lava,
Como fogo na água.

Ó infortúnio presunçoso,
Mistério rude e enganoso,
Deixem-me em paz, antes que em frígida carnificina mortal
Esgote o que me resta de senso moral.

Tomem-se a si e fujam de mim
Antes que num hiato de disfonia moral,
Da minha boca sangrem sons que vos expurgue de mim,
Trazendo-me de volta à bendita claridão
Que, ominosamente, perseguir-vos-á e dilacerará todo vosso bramir

E em ouvir a aspires do último suspiro de vosso tênebre ecoar,
Encontrar-me-ei em descanso no seio de meu lar,
Enquanto minha paz fere vosso dorso de perversidades
E meu prazer se encontre no fim de vossas vaidades.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

MODA ANTIGA


Traz o meu café no meu quintal
E vê se apaga
o teu silêncio nada natural...

Arruma essa cama para mim.
Já mandei...
se lembre que não gosto de insistir.

Pára esse drama sem razão,
arruma a casa,
já tem gente chamando no portão.

Liga essa tal televisão
no canal 12
que quero assistir o meu jornal.

Sai logo, não espera eu exigir
me deixa em paz
que quero descansar de trabalhar

E vê se não reclama sem parar...
não quero ouvir
Pois, desse jeito é o nosso amor:

Moda antiga,
cinquentista...
te amo bem assim:
Moda antiga,
verdadeiro,
é nosso amor sem-fim

Vem logo servir o meu jantar,
pois, tenho fome
Coloca as crianças pra dormir

Me espera linda quando eu terminar,
liga a vitróla,
e põe o Lupcínio pr' eu ouvir

se deita porque quero te amar
já te ensinei,
E eu não gosto nada de esperar...

Meu dia no sol quente
Foi todo por você
já prova tudo sobre nosso amor...


Moda antiga,
cinquentista...
te amo bem assim:
Moda antiga,
verdadeiro,
é nosso amor sem-fim


Fecha esse pranto!
Encerra esse choro!
Cala as palavras;
Não quero nem saber.


sábado, 13 de outubro de 2012

SOBRE HISTÓRIAS E FASCÍNIO


Histórias me fascinam.
Todo gênero, toda forma.
Fico preso,
Ébrio num paradoxo,
Cada parte de mim espera a próxima cena,
Ao passo que tudo que sou torce para que não haja fim;
Apenas novos começos.

Seja num livro clássico,
Ou num filme absurdo.
Quem sabe ao som de música…
Seja Milton, Chico ou Lucas.
Histórias me fascinam.
Desde a métrica de paixões
(Que necessitam de temporadas pra se resolver),
Até a controvérsia dos amores mal resolvidos.

Fato ou ficção…
Sou pouco exigente,
Só peço que seja bem escrito,
Que me ensine e instrua,
Ainda que pelo contra-exemplo,
Histórias me fascinam.
Seus elementos e trama,
O humor ambivalente,
O preconceito ali escondido.
Cada segundo é válido por diferentes motivos.

Aprecio o cunho filosófico,
Viajo no desejo pelo impossível,
Impressiono-me com as diferentes fases de um mesmo ato,
E com a incrível capacidade de ligar contos independentes…
Histórias me fascinam,
Tanto por darem sentido ao papel, à caneta, ao acorde;
Quanto por darem vida às personagens.

Silêncio, ruído, barulho e incômodo tem sentido,
Não há algo inútil.
No máximo, há o “fora do lugar”
E, quem sabe, o “belo, mas mal-sucedido”.
Histórias me fascinam.
São capazes de mudar verdades.
Nem todo vilão é mau,
Nem todo herói é necessário,
E o “bom-samaritano”?
Esse pode não passar de uma “diva”.

Nem tudo vem do autor,
Cada qual que faz sua leitura,
E tem direito à interpretação pessoal.
O que importa é que, uma vez publicada,
A história ganha vida própria
E como as pessoas,
As mesmas histórias mudam ao longo do tempo.
São maleáveis,
Não pedem pra ser amadas,
Não cobram que se apliquem sua moral.
São apenas histórias
E, por isso, me fascinam.