Emoção sorrateira espana poeira de trás
De livros antigos, de amigos…
E sente do híbrido favo da lei… No plano ideal.
As curtas viagens, o curta bem feito em instantes.
No ábaco tempo, vive o lamento de coexistir
Com o passado vulgar.
Vai fugaz, procurando nos lábios o doce torpor.
Vacila no mundo, descobre absurdo no velho baú da paixão.
Cordilheiras de grãos de afeto, Erosão,
Desacertos que cobrem o cais…
Seus barcos e embargos que calham de estar encalhados na tal
robustez
Do velho brincar.
Épico quebra-cabeça e chapéu de jornal,
Pirata distinto, extinto, insurreto instinto…
No breve pulsar da prece que faz
O tão inocente menino que está a brincar
Sem imaginar que um dia toda euforia, virará ilusão… De tão
irreal.
As breves e longas estórias na palma da mão.
Vassoura e rodo, cavalo e espada, na guerra do bem contra o mal…
Com a boca a narrar.
Os primeiros nós, o primeiro ‘nós’ tão contido,
Insana paixão nos olhos na moça
Enganam o trouxa e força a crescer num breve verão.
O outrora infante se encerra em seu violão.
Já doa carrinhos, se entope de livros,
Espera o futuro chegar sem desilusão.
Os dias se passam e o vira-tempo mordaz
Traz realidade e felicidade não passa de longe ilusão…
Infância acabou.
(Mexi n' algumas gavetas de meu lotado quarto. Encontrei tanta coisa que entendi o porquê dos piratas gostarem de guardar tesouros em baús. Vi ali o que sobrou dos meus outrora incontáveis carrinhos, brinquedos que restam que só estão lá para quando uma criança vista a casa. Vi meu primeiro livro, que tanto gostei que me dei de presente por duas vezes, alguns desenhos à mão que provam que não sirvo pra isso, primeira poesia, primeira música com acordes tão delinquentes que é melhor que o mundo jamais ouça aquilo - o que não quer dizer que eu não fique feliz por ela ter existido -, no fim, me vi assentado na cama pensando na breve infância tão repleta de tudo que realmente não sei como deu pra viver aquilo tudo...
Lembrei-me das pessoas, antigos amigos que hoje se casam. Também lembrei daquelas pessoas das quais eu não gostava, por óbvias razões/ações. Todavia, nunca tratara ninguém de modo discriminado. Não importava se eu era fã ou não, se me desse ouvidos, eu devolvia atenção. Pena que enquanto algumas prezavam por me construir, outras só prezavam em magoar... Enfim, um dia tudo acabou e a gente não sabe dizer quando, só sabe que tudo acabou... quer tanta coisa de volta, mas infância acabou.)
Gustavo HG Costa