quarta-feira, 29 de maio de 2013

RAINHA DE COPAS

Roubaste meu coração, Majestade.
Levaste a fonte de vida desse pobre plebeu
Que se perde em devaneios
Olhando teus olhos,
Teus cabelos, tua boca…

Rendido a teu encanto,
Segue teu rastro por todos os reinos,
Sorri ao ver tua imagem,
'Inda que de longe…
Mesmo que só por um instante.

Levaste o meu mundo, Divina Rosa.
Controla-me em tuas mãos.
Faz-me marionete do império,
Vassalo de tua vontade,
Súdito de tua grandeza.

Cego, cumpro teu desejo,
Pelejo por tua atenção...
Quem sabe um olhar?
De amor ou compaixão,
Não importo – desde que aqui me vejas.

Tomaste minh’ alma, Excelsa Dama.
Assim sigo devoto de tua vaidade.
Preso num corpo que não vê por onde anda.
Sou servo da mera utopia,
Sem face, ou sentido, sou treva.

Estremeço às últimas palavras.
Pois, o buraco em meu peito nada pulsa…
Só sente frio de teus seios afiados
Que me encerraram a alegria,
O tempo… a vida.

(Nessa vida, tudo tem sentido. Ainda que escrito no eu lírico... ainda que disperso e perdido em meio às estórias que criamos)

Gustavo HG Costa

quinta-feira, 23 de maio de 2013

PLATÔNICO

Vejo teu sorriso, teu estilo, teu andar,
Vejo tuas coxas, tuas roupas, sei que lá…
Fico e imagino como é ouvir tua voz,
Perco-me, alucino no fascínio de ser “nós”

Todo dia as 11 eu te espio a passar.
Largo mãe, pai, tios, perco o trilho, empaco em ti.
Planejo as palavras para estar contigo a sós,
Aceno, dou vacilo, fico gago, igual bocó.

Mas sei que me vê e então só pensa como sou,
Fica na saudade por não ser o meu amor.
Sonha todo dia em me ver preso ao teu nó
Sofre de vontade de estar comigo a sós,

Em minha cabeça, nós dois somos quase um.
Mesmos gostos e esforços, sem temor algum…
Pena que meu mundo só funciona para mim
Pois, contigo junto não seria triste assim…

(da série: coisas que escrevi aos 15.
Sei que deveria ter vergonha desses textos embaraçosos em todos os sentidos, por usarem uma linguagem que já não carrego comigo e por falar de amores/desejos/histórias/estórias que já não mais me identifico. No entanto, quando vejo quem fui, não me envergonho... Talvez essa fosse minha forma de ver o mundo ontem... e amanhã estarei rindo da forma que vejo hoje. "A transitoriedade de tudo que nos cerca, nos mostra quem nos tornamos: passageiros" (LSEM)).

Gustavo HG Costa.

DAS DORES QUE VEJO


Perplexo percebo:
Sou estrategista;
De mim mesmo,
Resultante,
Deslocado,
Solitário.

Calado por fora,
Amargo por dentro.
A voz que me interessa?
A consciência.

Vejo a guerra,
A dor,
O sofrimento dos feridos
Perdidos a esmo
No solilóquio dos sem alma
Que só vagam… vazios.

Passeio pelo campo dos derrotados,
Mas não pego os despojos;
Rodeado do cenário perverso,
Retumba o som das lágrimas.

Ando,
Vejo as vitrines vivas
Que caminham,
Correm…
Sem propósito,
Vão para lugar algum.

Contemplo o desconforto
Dos impostores…
A penosa luta dos oprimidos
Que nem sabem que os escraviza.

Lucas do Sobral e Mattos.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

DE REPENTE


Contundente.
Não de forma específica,
mas suficiente.

Adorado fulgor desbravado
empunhado em versos comprimidos.

Displicente.
Ser humano capcioso.
Enfurecido, sem precedente.

Ornamento destoado,
sobrepostas dúvidas convergentes.

Prepotente.
Arrogância vive em humildade
ao ajudar os outros não por vontade.

Prisioneiro complacente
age em cima do que é informado, estremece.

Sobrevivente.
Ser estúpido e afobado
toma ação descabida em mares de serpentes.

Ricardo P Magalhães.