quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

CRESCEMOS. POR ISSO, MUDAMOS.

... E não o contrário.
À medida que os dias passam, vejo tanta gente dizendo o contrário que, por vezes, quase me esqueço de que algumas coisas tem ordem certa para acontecer. Vejo escritores, filósofos, cientistas e pensadores livres que vivem numa guerra intelectual (ou fingindo uma). De um lado, os considerados “xiitas do conservadorismo”, que emitem uma opinião e nunca mais se abrem para ouvir questionamentos que os contrarie. Do outro, estão as “metamorfoses ambulantes” (se me permitem usar o termo de Raul Seixas).
Na verdade, essa bagunça toda tem me levado a escrever mais e publicar menos. Encher meus cadernos e HD dos computadores e não compartilhar, por preguiça de responder aos rótulos. No entanto, hoje eu passeava pelo mural do Facebook quando li um ‘post’ e um comentário que me chamaram atenção:
Muitos de meus alunos, durante os anos (...), pararam no que ensinei naqueles anos, eu não! A revelação é progressiva! A iluminação da palavra também! Não conheço tudo e nem nunca conhecerei até Jesus voltar! Não pare no tempo! Se você não tem vergonha do que ensinava e cria há um ano atrás, VOCÊ PAROU! (...) Estamos sempre crescendo em Deus! Assim como amadurecemos na vida e temos vergonha de coisas que falamos na ou fizemos na adolescência! (Arthur Netto).
Esse pensamento que o Arthur colocou em seu mural, chega a ser um atrevimento que todo professor deveria cometer: Se recusar a estacionar. E, fazer isso de maneira sábia, realmente, é para poucos. Por isso, humildemente, peço àqueles que leem este texto gravem bem essas palavras que eu citei, pois nelas reside uma ordem de fatos.
Nós crescemos. Por isso, mudamos.
Os “xiitas do conservadorismo” terminam se equivocando por pararem no tempo. Se há uma coisa que nenhum ser humano suporta é gente dona da verdade. Isso porque o querer crescer é uma necessidade do ser humano. A auto-realização de ontem nunca é suficiente hoje... É incrível... Nós estamos sempre atrás do próximo nível, do próximo aprendizado, da próxima vitória. Quando vem alguém, falando que já exauriu todo conhecimento em algo e, por isso, ele já sabe tudo sobre aquilo, acabamos totalmente contrariados e, por isso, resistimos a esse tipo de gente.
Contudo, ao investigar as “metamorfoses ambulantes”, não encontramos razão no que fazem. Afinal, há como acreditar numa pessoa que muda de opinião de cinco em cinco minutos? Como estabelecer uma conversa com alguém que fica se contradizendo por não saber qual é a melhor opção para si mesmo? E pedir um conselho?... Piorou.
Um extremo decide nunca mudar e, por isso, acaba se proibindo de crescer, pois, aprende uma nova lição, vê que o ensino é válido, mas não muda... Fica empacado no mesmo lugar (talvez, por comodismo). Outro extremo muda o tempo todo antes de aprender qualquer lição. Agarra-se a todo vento de doutrina, toda moda, toda opinião (talvez, por covardia) e, assim, sempre quer viver os fins antes dos meios.
Quem ensina alguma coisa, ensina do que viveu, do que viu e provou. A consequência disso é um novo comportamento/crença sobre algo. Nós, humanos, crescemos. Por isso mudamos. Aprendemos de mestres que também são humanos, também estão em fase de crescimento...
Eu tenho uma máxima pessoal que diz: ‘Se você acredita em tudo igualzinho ao que o teu professor te ensinou; você não é um aluno, é um gravador’. É óbvio que somos afetados pelo meio. É claro que absorvemos da fé alheia porque vemos os bons frutos. Todavia, num ambiente onde duas pessoas creem de modo exatamente igual, há alguém se anulando em detrimento do outro, ou, no mínimo, há alguém sem ousadia suficiente para defender sua própria ideia.
Ouvir o ensino daqueles que são mais experientes é muito importante, evita muitos erros, mas, falando de modo bem popular, é necessário que cada pessoa dê passos com suas próprias pernas. Esse é o caminho do crescimento. Viver as próprias experiências e parar de seguir contando somente o que terceiros vivem.
Geraldo Vandré, compositor Brasileiro, escreveu versos mui verdadeiros em sua composição “Pra não das flores”. Realmente é “Caminhando, e cantando, e seguindo a canção...” que o conhecimento consolida para que, ao ver as ‘lutas’, possamos “fazer a hora” ao invés de ficar esperando alguém fazer por nós. Só quem trilha o caminho, conhece as curvas que existem. A experiência nos marca e molda até que chegue o momento que percebemos que tudo em nós já está diferente: Estamos mudados, porque crescemos.



– Gustavo HG Costa

quarta-feira, 17 de julho de 2013

DE VOLTA

De volta, agora.
Abro a porta.
Deixo-te entrar.

Não tem pressa,
Pode demorar,
Fazer morada.

Abra a janela,
Arranque a cortina,
Veja como o sol brilha.

Vem pra mesa,
Fala, ri, me veja.
Senti tua falta.

Mais um pouco, fica?
Ainda é dia…
Deixa o tempo pra lá.

De volta, agora.
Abro a porta.
Prometa, então, ficar.

Gustavo HG Costa.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

XXIV

Vinte e quatro anos de idade. Tanta coisa aconteceu nesse tempo.
Vi tanto e, ao mesmo tempo, sei tão pouco.
Das coisas que aprendi, descobri que ainda falta muito a ser alcançado, construído e há mais a ser planejado.
Aprendi que todo mundo é normal e que o normal é ser peculiar e, não importa o quanto se tente, pessoas não são copiáveis ou perfeitamente imitáveis.
Aprendi que cada um pensa diferente do outro, mas todos dão valores a coisas parecidas: a amizade, o amor, o companheirismo, a paixão, a compaixão…
Aprendi que todo mundo quer paz e, para alcança-la, armam guerras.
Aprendi que sorrisos podem mentir e que lágrimas podem indicar tristeza, alegria, surpresa, saudades…
Hoje, entendo que verdade é um conceito muito subjetivo e que fé não foi feita para ser discutida.
Aprendi que palavras são mais perigosas do que armas e que fraturas podem machucar menos do que um ‘adeus’ inesperado.
Aprendi que não existe protocolo para quebrar um coração e que, não importa quanto tempo leve, um dia acordamos pela manhã e percebemos que estamos curados.
Entendi, finalmente, que a morte é a única separação irremediável entre duas pessoas e que a saudade de alguém que partiu é a única ferida que o tempo não cura.
Reconheço, entretanto, que nossos atos podem honrar a memória de alguém, a ponto de manter essa pessoa viva em nós e isso não é algo ruim.
Hoje, sei que ninguém esquece o famoso ‘primeiro amor’ e que, geralmente, esse amor não passa de uma paixão bocó que rola aos nove ou dez anos de idade.
Também sei que, por volta dos vinte, você descobre que seu primeiro amor se casou e isso te causa uma sensação estranhíssima…
Creio que paixões adolescentes deveriam trocar de nome dado que elas acontecem a todo tempo e que, na verdade, você consegue viver sem uma pessoa por quem está apaixonado.
Aprendi que existem vários tipos de amigos e que, eventualmente, grande parte deles vai embora, mas isso não significa que a amizade não foi verdadeira.
Também aprendi que existem amizades que duram tanto tempo que nos dão impressão de serem perenes e, não importa quantas vezes o acaso ou a vida tentem te separar desses amigos: eles sempre voltarão – se você voltar por eles também.
Aprendi que a família é o único grupo de pessoas que nunca te abandona e que o título de irmão é dado ao primeiro amigo que você tem na vida.
Aprendi, também, que ir ao cinema/restaurante/shopping/festa com um irmão, é uma atividade EXCELENTE que vai te fazer rir por anos ao recordar das loucuras que acontecem.
(Aprendi que sair para comprar presentes de natal junto à minha irmã pode implicar em gente louca puxando cabelo de desconhecidos no ônibus, risadas altas em plena Rua da Bahia, lágrimas de riso em plena Rua Rio de Janeiro e que a melhor parte de tudo é que nada é mais gratificante do que saber que a pessoa que está com você, sempre estará lá para te ajudar).
Aprendi que as conquistas mais gratificantes são aquelas que você alcança se dedicando a alguém além de si mesmo e que os egoístas se sentem incompletos porque não têm capacidade de fazer nada pelo próximo.
Acredito que ninguém é tão grande ou perfeito a ponto de poder não precisar de ajuda.
Vejo que os orgulhosos padecem por serem incapazes de dizerem que precisam de alguém para dar uma força.
Aprendi que a sociedade se divide em grupos diversos e que cada cidadão se diz não preconceituoso, erroneamente (vá a uma roda de Góticos e cante um pagode, eu te desafio!).
Reconheço, nas pessoas a capacidade de atuar e até de mudar quem são  para conseguir a aprovação de terceiros e acho isso uma bobagem…
Aprendi que ricos dão festas para mostrar o que têm e pobres dão festa para gastar o que não têm.
Já constatei também que, ao contrário do que o bom senso diz, é das festas de pobre que a gente sai realmente saciado. Voltando para casa, após uma festa de gente rica, sempre bate uma fome.
Aprendi que todo mundo gosta de fazer e falar o que quer, mas ninguém gosta de colher as consequências negativas, por isso, tanta gente sofre da ‘Síndrome de Adão’.
Fui instruído sobre as Ciências Econômicas não serem Exatas (como o senso comum descreve), muito pelo contrário, Economia é uma Ciência Social Aplicada e Arrogante que a gente aprende a trabalhar e acaba vendo que essa parafernália toda faz muito sentido – para ortodoxos, heterodoxos e bobos.
Aprendi também que a Economia pode ser resumida em duas certezas: Não existe almoço grátis e tudo é incerto, impreciso e arriscado.
Aprendi que viver sem música é tão difícil quanto andar sem colocar os pés no chão e que, por mais que seja bacana subir no palco, bons ensaios produtivos sempre são mais legais.
Aprendi que poesia e música podem ser frutos do querer e do acaso e que as melhores sempre vêm nas horas que estamos do violão, do papel para anotar e sem bateria no celular.
Noto que todo violonista adora tocar em Sol Maior, existe vocalista que pensa que a voz tem um tom fixo para cantar todas as músicas e os leigos acham que é possível ensaiar várias músicas novas com um grupo de vinte e cinco pessoas em menos de dez horas por mês.
Aprendi que todo músico popular odeia tocar em Si bemol (terrível mesmo), sempre damos aquela arrastadinha para Lá, ou Si…
Hoje, sei que uma banda, quatro integrantes, é capaz de te fazer se sentir tão em casa a ponto de toda terça-feira às sete da noite, você sentir falta de poder cruzar a cidade no famoso carro preto para mais um ensaio seguido de uma curta conversa que, quando notamos… ó, já é meia-noite.
Aprendi que os trabalhos realizados no templo amarelo fazem muita falta e poder ouvir o som da guitarra verde, vermelha ou preta, do baixo já substituído por um novo e daquele Jazzbass preto e branco, dos cinco violões, dos teclados, da bateria prata… é um prazer imensurável.
Aprendi que as vozes agudas e graves e a mesa que fica ali em cima melhoram a vida de todos.
Aprendi que as lições dadas por um sábio devem ser guardadas e que eu tenho força, mas os mais velhos têm a experiência a seu favor.
Aprendi que, nessa vida, todos lutam, todos sofrem, todos crescem e que “nessa vida, ninguém cai de maduro”.
Entendi que “com a roupa encharcada e a alma repleta de chão, todo artista tem de ir onde o povo está” e ouvir as críticas é tão importante quanto ouvir os elogios, não importa o quão relutante você esteja.
Sobre tudo, aprendi que os problemas do passado parecem bobos com relação aos de hoje.
Aprendi também, que no futuro, os problemas de hoje parecerão triviais.
No final, me bate uma certeza de que tudo que sei não passa de um pequeno grão de saber e que amanhã, ou depois, muito do que aqui está não mais será minha verdade.
Digo isso porque aprendi que tudo que eu chamo de certeza pode mudar um dia.


Gustavo HG Costa.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

SOBRE A DOR E A ESPERANÇA

A gente coloca uma couraça no peito.
Põe cadeado no coração
E se tranca,
Esconde as chaves…
Ainda assim, não estamos seguros.

Por mais distante que o inimigo esteja,
O que mais queima é fogo amigo.
Destrói por fora,
Corrói por dentro…
Dilacera a alma, mesmo sem querer.

Para onde ir?
O que fazer?
Não há resposta.

A gente esbarra no destino
E esse, sim, é implacável.
Não derrama sangue…
Derrama lágrimas
E nos faz sentir culpa por tudo que não foi.

A nostalgia nos enfraquece,
Faz os escudos falharem.
Propositalmente;
Sim, por querer;
Procuramos sentir dor, ou qualquer coisa real.

Para onde ir?
O que fazer?
Não há resposta.

A gente vive procurando paz
E arma uma guerra para isso.
O sentido?
É pessoal,
Mas fere tudo que se diz interpessoal.

Já não faz sentido guardar o peito,
Até que o tempo passa.
E, no local sem esperança,
Há um novo alguém...
Será?

Gustavo HG Costa.

terça-feira, 25 de junho de 2013

quinta-feira, 20 de junho de 2013

FIM DA LINHA (POLÍGRAFO BÉLICO)

Para mim, chega.
Estou cansado,
Não sou otário,
Nem sei porque me vês assim.

Estou farto das desculpas.
Repudio tua burrice.
Tenho asco de tua voz,
Que é tão vermelha.

Tenho versos,
Inversos do que dizem que é amor.
De ti, só guardo desapresso.

Só me lembro
E desprezo,
Menosprezo o que tu és.

Já foste tão maior.
Hoje não passa de militante
E vive na prisão
De teu sonho adolescente.

Crescer não é teu forte,
Negra alma moribunda.
Angústia é dia-a-dia
De teu vazio intelecto.

Regozijo tua distância,
Vá pra onde…
Fui pra longe.

Sublimo-te,
Pobre onírico ser,
Não mais vales minha atenção.

Ouvi a sabedoria
E não mais lamento o viver sem ti.
Dou as chaves ao tempo,
Ele se encarregará de te encerrar em mim.


(Certa feita, ouvi que "não existe protocolo para quebrar um coração". Concordo plenamente com esse pensamento. Provavelmente, esse seja o mais sincero de meus posts aqui no Dilema... Com certeza porque esses versos ainda sangram ao sair de minha boca. Tem destinatário certo, mas isso, cabe a quem pertence essa mensagem descobrir, ou não. Encerro aqui.)

Gustavo HG Costa.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

RÉQUIEM

Lágrimas no rosto,
Angústia,
Nó na garganta.
Predominante,
Mordaz,
O anúncio que dilacera o coração.

Ferimento para morte,
Traições,
Dores na alma.
Derrotas
Tira-teima.
Coração partido

Erros propositais
Pesam,
Quebram a confiança,
Denigrem.
Embaraçam,
Deduram a farsa.

Adorne o finado.
Ama-o,
Agora se foi.
Vibra!
Alegra-te,
Mas, em silêncio.

Chegou o fim.

Lucas do Sobral e Mattos.

sábado, 8 de junho de 2013

FIGHT BACK (QUASE BIOGRAFIA)

Quando tudo parece calmo demais. É aí que a vida nos dá solavancos que, por vezes nos faz pensar que não há como resistir. Como se a quietude fosse o prelúdio de uma nova batalha, o princípio da mais árdua guerra que já enfrentamos (até que venha a próxima).

E é nesse momento que deixamos tudo que está em nossas mãos se despedaçar e as circunstâncias nos derrubam, como se fossemos feitos de papel ou vidro. A maré aumenta e tenta nos afogar e as forças parecem se esvair até que a alma fique vazia.

Nesse momento, tudo o que já passamos parece menor… As dores, as derrotas, vitórias e curas somem de nossa mente. As certezas são destruídas e a confiança dá sinais de que está a ruir. Os obstáculos se tornam mais difíceis, as barreiras parecem muralhas intransponíveis e, então percebemos que estamos perecendo lentamente, torturados de maneira eficaz até que tudo que nos reste seja medo, incerteza e a vasta escuridão mental.

Mas é também nesse momento onde temos que tomar uma difícil decisão. Quando a vida nos derruba, o mar tenta nos afogar e cada fôlego parece o último que seremos capazes de tomar; nós podemos desistir e aceitar a falência ou nós podemos ajuntar os cacos de nós mesmos, nos levantar e lutar.

Na maioria das vezes, o que nos separa do objetivo é aceitarmos o fracasso e nos conformarmos com isso. Mas, do pouco que sei sobre a arte do bem viver, posso dizer que sempre que alcançamos o objetivo não o fazemos porque foi fácil, mas, conseguimos porque nos recusamos totalmente a desistir.

Aprendi, com um jovem sábio, que existem dois tipos de pessoas no mundo: Os ousados e o resto. Creio que o que difere esses grupos é que somente os ousados alcançam a vitória. E o resto? Bem, esses são os tolos que se recusaram a viver o melhor porque precisariam de se doar e comprometer em alcançar seu objetivo.

Nada nessa vida vem facilmente. Não existe almoço grátis (dizem os economistas), alguém tem que pagar por aquilo. “Se você quer algo você tem que levantar, ir lá e pegar”, lutar pelo que você tanto deseja. Ouse em se doar mais. Acredite que você pode e brigue, use todas as tuas armas e seja maior que as muralhas.

Não pare e não se desculpe por fazer algo pelo teu futuro… Não importa de onde você veio, ou o quão terríveis foram as tuas experiências. Se o passado/presente não são o que você quis, é você quem tem que levantar e "dar vida a teus sonhos". Alcance a grandeza que você tanto quer… Se tudo parece ruim, faça melhorar e no final de tudo você poderá dizer: Eu vim. Eu venci.

(Por vezes, o que escrevo lembra mais o meu ofício com o violão, banda e voz do que o que exerço com caneta e papel. Mas, de qualquer forma, essas são as palavras para hoje e falam tanto de mim que chega a ser quase biográfico)

Gustavo HG Costa.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

ERRANTE

Andei perdido.
Solto pelos cantos,
Sem saber por onde ir
E sem lembrar de onde vim.

Sorriso por fora,
Destroços na alma.
Ruína.

Fui solidão.
Ninguém viu.
Tive odor de morte,
Mas, quem se importa?

Sem destino,
Sem origem.
Vivi errante.

Sorumbático,
Vaguei por esquinas.
Identifiquei-me à sarjeta,
Sofri.

Até que,
sem querer…
Te encontrei

Lucas do Sobral e Mattos.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

RAINHA DE COPAS

Roubaste meu coração, Majestade.
Levaste a fonte de vida desse pobre plebeu
Que se perde em devaneios
Olhando teus olhos,
Teus cabelos, tua boca…

Rendido a teu encanto,
Segue teu rastro por todos os reinos,
Sorri ao ver tua imagem,
'Inda que de longe…
Mesmo que só por um instante.

Levaste o meu mundo, Divina Rosa.
Controla-me em tuas mãos.
Faz-me marionete do império,
Vassalo de tua vontade,
Súdito de tua grandeza.

Cego, cumpro teu desejo,
Pelejo por tua atenção...
Quem sabe um olhar?
De amor ou compaixão,
Não importo – desde que aqui me vejas.

Tomaste minh’ alma, Excelsa Dama.
Assim sigo devoto de tua vaidade.
Preso num corpo que não vê por onde anda.
Sou servo da mera utopia,
Sem face, ou sentido, sou treva.

Estremeço às últimas palavras.
Pois, o buraco em meu peito nada pulsa…
Só sente frio de teus seios afiados
Que me encerraram a alegria,
O tempo… a vida.

(Nessa vida, tudo tem sentido. Ainda que escrito no eu lírico... ainda que disperso e perdido em meio às estórias que criamos)

Gustavo HG Costa

quinta-feira, 23 de maio de 2013

PLATÔNICO

Vejo teu sorriso, teu estilo, teu andar,
Vejo tuas coxas, tuas roupas, sei que lá…
Fico e imagino como é ouvir tua voz,
Perco-me, alucino no fascínio de ser “nós”

Todo dia as 11 eu te espio a passar.
Largo mãe, pai, tios, perco o trilho, empaco em ti.
Planejo as palavras para estar contigo a sós,
Aceno, dou vacilo, fico gago, igual bocó.

Mas sei que me vê e então só pensa como sou,
Fica na saudade por não ser o meu amor.
Sonha todo dia em me ver preso ao teu nó
Sofre de vontade de estar comigo a sós,

Em minha cabeça, nós dois somos quase um.
Mesmos gostos e esforços, sem temor algum…
Pena que meu mundo só funciona para mim
Pois, contigo junto não seria triste assim…

(da série: coisas que escrevi aos 15.
Sei que deveria ter vergonha desses textos embaraçosos em todos os sentidos, por usarem uma linguagem que já não carrego comigo e por falar de amores/desejos/histórias/estórias que já não mais me identifico. No entanto, quando vejo quem fui, não me envergonho... Talvez essa fosse minha forma de ver o mundo ontem... e amanhã estarei rindo da forma que vejo hoje. "A transitoriedade de tudo que nos cerca, nos mostra quem nos tornamos: passageiros" (LSEM)).

Gustavo HG Costa.

DAS DORES QUE VEJO


Perplexo percebo:
Sou estrategista;
De mim mesmo,
Resultante,
Deslocado,
Solitário.

Calado por fora,
Amargo por dentro.
A voz que me interessa?
A consciência.

Vejo a guerra,
A dor,
O sofrimento dos feridos
Perdidos a esmo
No solilóquio dos sem alma
Que só vagam… vazios.

Passeio pelo campo dos derrotados,
Mas não pego os despojos;
Rodeado do cenário perverso,
Retumba o som das lágrimas.

Ando,
Vejo as vitrines vivas
Que caminham,
Correm…
Sem propósito,
Vão para lugar algum.

Contemplo o desconforto
Dos impostores…
A penosa luta dos oprimidos
Que nem sabem que os escraviza.

Lucas do Sobral e Mattos.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

DE REPENTE


Contundente.
Não de forma específica,
mas suficiente.

Adorado fulgor desbravado
empunhado em versos comprimidos.

Displicente.
Ser humano capcioso.
Enfurecido, sem precedente.

Ornamento destoado,
sobrepostas dúvidas convergentes.

Prepotente.
Arrogância vive em humildade
ao ajudar os outros não por vontade.

Prisioneiro complacente
age em cima do que é informado, estremece.

Sobrevivente.
Ser estúpido e afobado
toma ação descabida em mares de serpentes.

Ricardo P Magalhães.

terça-feira, 16 de abril de 2013

AMPARO LETRADO

Penso muito pouco,
quando marco
marca a tentação.
Vejo que se for
que seja pouco
quando falta opinião.

Passo sempre louco,
quando passo,
longe do meu coração.
A mente sofre,
quando vê razão distante,
no horizonte,
longe da opinião.

Aberto como poucos,
tento ser direto, protelo,
as obras modernistas.

Amante do início,
sou a luz do meio,
meio do improviso.
Chego alegre ao fim, pois
despedir de mim,
é despedir do fim.

Ricardo P. Magalhães.

domingo, 7 de abril de 2013

SOBRE A GUERRA EXTERIOR (POLÍGRAFO BÉLICO)

Não se enganem!
Posso estar ‘calado’, falando menos, coisa assim.
Mas, em nada, quer dizer que não vejo o que acontece.
E, sim, tenho uma opinião sobre tudo o que ronda por fora dessas paredes.
Não me finjo de idiota.
Só acho que o embate, nem sempre, vale a pena.
Não negocio minha vida por um prato de lentilhas,
Em nada me interessa a venda de caráter,
E a dissimulação de amizade.

Me calo para não ferir,
Para evitar o desgaste em meio à tempestade,
Na hora certa, falarei daquilo que creio.
No tempo exato, hei de expressar o fio de minha esperança.
Por enquanto, só baixei as armas no campo de batalha,
Dei o cessar fogo interior e me refugiei.
Aprendi com os grandes generais:
Não se precisam de tantas balas para vencer uma guerra (…)
Precisam-se, somente, de paixão pela causa e estratégia bem montada.
Agora é tempo de estruturar.
Fazer planos, alicerçar fundamentos.
Mas, ainda assim, não pensem que não vejo o que me cerca, é o que peço;
Não se enganem!

Gustavo HG Costa.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

UM MOTIVO PRA SORRIR


Isso quero,
Desejo,
Na verdade, preciso.
Um motivo que seja…
Não é pedir demais.
Uma razão, talvez,
Para que as lágrimas nesses olhos,
Sejam, dessa vez por alegria.

Um motivo pra sorrir.
É isso que peço,
Na verdade, clamo,
Aspiro,
Anelo.

Lucas do Sobral e Mattos.

quinta-feira, 28 de março de 2013

JÁ CANSEI


Cansei do quarto tão desarrumado,
Desse tempo e nosso falso caso.
Essa história que vem reprisada
E com final tão infeliz

Já larguei da espera desesperada
Por tuas curvas e por mais prazer,
Dos teus cabelos, tua pele e beijo,
Da tua voz, teu violão.

Olhos nos olhos, corpos e tesão.
O teu perigo é minha maldição
E se encera ao te encontrar
Na curva certa de algum lugar.

Tudo em você me inspira uma canção.
O teu remédio é minha maldição…
A mesma história que eu tento entender,
Já cansei, mas eu quero só você.

Cansei do sexo e das almas nuas,
Secretas juras feitas sem pudor,
Do teu veneno e dos teus seios,
Das duras coxas que só dão prazer

Nossas memórias, histórias cruzadas.
O rock, o reggae e aquele blues,
A roda e o samba que me faz tocar,
Pra tua voz, meu violão…

(um pouco mais antiga, talvez não tenha postado essa poesia por ser biográfica demais, por ser constrangedora até para mim. Hoje, já não me envergonho mais por tê-la feito.)
Lucas do Sobral e Mattos

quarta-feira, 27 de março de 2013

ANTES DE VIAJAR


Começou!
A longa espera já não é tão longa assim.
O sofrimento começa a diminuir,
a saudade aperta, mas começa a afrouxar.
Quase um mês me separa de meu lar.

Um mês!
Quase completo este mês corrido.
Tão corrido que não sei mais descansar.
Alegria seria ler às vezes sobre a vida,
ao invés de estudar.

Amor!
Pense um mês longe de seu amor?
Não digo amor que cresceu com o tempo,
digo amor que não dá pra explicar.
Amor que um mês distante não fez duvidar.

Ricardo P. Magalhães

sexta-feira, 22 de março de 2013

RETRATOS DE UM SER SEM CORAÇÃO


Retomo o tom blasé de meu sorriso
Recheio-me de incógnitas a resolver,
Jogadas ao relento da ingenuidade.
Regurgito o que restava de emoção.
Ensandeço, sem remédio e sem ter cura.
Eu pereço, sem ter tempo, sem ser certo ou leal.

Rabisco o livro histórico de mim.
Por cima escrevo outras estórias a ruir.
Com vergonha de saberem o que fiz,
Sou covarde para poder me exibir.
Sou loucura, sou enfado escondido…
Parado ali, jogado ao leu a ver minha solidão.

Escárnios, fragmentos de minha vida.
As taras do que ainda há de vir.
Banido, pelo próprio sofrimento,
Tentei tirar meu coração de mim…
Amanheceu, o sol se pôs, anoiteceu.
A minha dor, enrijeceu o que sobrou.

Retratos de um ser sem coração.
O que é pior? Eu já não sei dizer…
Se eu fujo ou se encontro esconderijo,
Da fera que atiça o que se apagou
Do tempo perdido, lamento contínuo, do que vem de lá…
O vívido esboço dos sonhos, do rosto, do que há de vir no meu ar…

Reflexo borrado de um eu que se deixou…
Remonto as lembranças que importam mais,
A música, a dança, o véu rasgando,
Mostrando-me o que passou e resisti.
O que dói mais, a dor ser ou de não ter?
Enterro aqui o que era eu, hoje em você.

Lucas do Sobral e Mattos

sexta-feira, 15 de março de 2013

O PORQUÊ


Quem eu sou?
Instrumento nas mãos do compositor,
O constrangimento que ele não quis lidar,
Resultado da fantasia do mundo real
Coberta pela falta de responsabilidade –
Encrustado no desejo de dizer
Sem pagar pelo que causou.

Sou piada mal-feita:
Não preocupo em disfarçar o preconceito,
Nem me importo por não ter a graça da comédia cotidiana.
Sou ferramenta com missão declarada:
Faço a vontade do criador e nada mais.
Semeio vento e não colho tempestade,
Na verdade, não colho nada.

Meu porquê é todo incerto.
Eu não questiono, faço logo.
Cumpro ordens com clareza:
Quer que eu ame? Isso faço.
Quer que eu deixe? Obedeço.
Quer ver ódio? Eu maltrato…
Baixaria? Sou rei Baco

Só replico sentimentos.
Não sou eu quem faz perguntas,
Nem, de fato, interesso.
Empreiteiro das palavras,
Reconheço que sou falha.
Do juízo, réu confesso.
Assumo a culpa e não contesto.

Sou quem sou por um momento.
O meu ego berra alto,
Tenho inveja e me orgulho disso.
Ordeno a guerra e busco a paz.
Eu ataco e não preocupo em ter defesas.
Dou a surra, ergo espada, brindo o sangue
E sem escrúpulos digo o que quero.

Não me sinto onipotente
Nem me prendo às besteiras
Não respondo. Eu sou a resposta.
Não escondo meu sorriso de satisfação
Seja ele por sucesso, ou talvez por um fracasso.
Não sou bom, não sou ruim
Só sou quem sou... e o sou por um instante.

Lucas do Sobral e Mattos.

quarta-feira, 13 de março de 2013

QUESTÃO LATENTE

Jogado no Olimpo por engano,
portanto sempre procurando por sobrevivência.
Em terra de Deuses gregos enraivecidos,
utilizo em tudo a razão da mente.

Por muito foram adorados
e agora a muito esquecidos.
Me pergunto por que vivo encurralado
em terra de carentes Deuses enfraquecidos.

A queda dos mesmos intriga.
Será por nos ter esquecido?
Ou será por arrogância dos gregos
que plantaram a semente da antropologia e do egocentrismo?

Difícil é continuar sozinho
nestas terras de Deuses carentes.
Vivendo a vida por um fio,
entendo o amor dos últimos crentes.

Ricardo P. Magalhães

domingo, 10 de março de 2013

PÓS-GUERRA


Feridas cicatrizando.
Pós-guerra declarado,
A cura se consolida.
A busca por justiça
Se transforma em sede de vingança

Ninguém me contou o segredo do pós-guerra:
Nunca mais somos os mesmos.
Nada mais volta para seu lugar.

Assumo o novo eu,
Sem conhecer,
Ou, sequer, querer.
Só sigo tentando descobrir
O que me tornei…

O que há depois do limite?
Quem sou após a ordem de cessar fogo?
Agora, todo empenho bélico me pareceu inútil.

Como um soldado
Volto do campo de batalha,
Não sei, ao certo, como agir.
Só há feias cicatrizes
E uma história que prefiro esquecer

Mas me deito, pego no sono e lá está
Levanto-me, vejo um vulto e, de novo…
Lá está, em um lugar intacto em mim,
O amor que me juraste lutar.

Lucas do Sobral e Mattos.

sexta-feira, 8 de março de 2013

LIBERDADE UTÓPICA

Foi dito que a liberdade foi conquistada!
Mas porque conquistas são minorizadas?
Ditaduras de comportamento, permitidas
e Direitos que hoje de tão naturais, saturados.

Comportamentos que modulares são aceitos.
Igualdade se tornou sinônimo de liberdade.
Conceitos se misturam entre direitos civis
e a banalização do não cumprimento da lei pátria.

Me contorço em irônicas gargalhadas.
E me despeço do real deturpado,
enquanto abraço o imaginário de Eu líricos e sonhadores
que da mesma forma se alimentam de liberdade utópica.

Ricardo P. Magalhães

PALAVRAS JOGADAS AO TEMPO

Aborde o sem contorno
parâmetros, louças, bordados ...
Inspire-se por simples formas geométricas
octógono, Picasso e piramides.

Cadeiras frias esperam por filosofia
filosofia espera por novos dias.
Será que é possível pensar em mundo,
sem nos remeter ao milenar senado?

Testes estatísticos, modelos matemáticos
e o brilhantismo de Tavares.
Até quando o nome dos grandes será usurpado?
Até quando serão palavras jogadas ao tempo?

Ricardo P. Magalhães

quarta-feira, 6 de março de 2013

METADE


E então, todo som se calou,
No silêncio ecoou, nossa tristeza.
Até o meu samba parou,
Só se ouviu o furor de tal frieza.

Regada à desilusão,
Feito um samba-canção, o pranto em letra.
E as lágrimas caem no chão,
Sem ter verso ou razão, ferida exposta.

O luto por sim e por não,
Por partir sem refrão, sem ter respostas,
E a dor que só pulsa paixão,
Perfurou o coração, que espera a morte.

Metade de um eu que partiu
E sequer despediu, só foi embora.
Calado ao te acompanhar,
Na avenida, ao pensar: não vais voltar...

E, em parte, me perdi, enquanto escrevi,
A última canção sobre ti
Não ouço mais tua voz, nem tenho mais o “nós”
Sozinho sigo sem você.

Gustavo HG Costa.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

UMA SIMPLES MENINA


Vê na esquina aquela menina?
Empurrando o tempo em direções sem sentido
Se contorcendo em pensamentos com parafina.

Com pouco a revelar busca em tudo significado
Olhar penetrante que domina e hipnotiza
Destrói âmbar em busca do cerne, agora desprotegido.

Sem intenção em suas ações
Se forma em outro o desejo da eternidade
Tolo e inocente sentimento de campeão
Agora é simples camponês desavisado.

Em mar de bermudas em alguns se perdeu
Mesmo com o suave toque puro do insumo
Surge em mente o contrato como restritiva ação
Removendo puro insumo de alcance estimado.

Abrace a causa que acredita
O pensamento ganha atrito
Abrace não por ser o que consegue agarrar
Abrace por ser o que sente que precisa.


Ricardo P Magalhães.

Baseado em Caetano, pelo menos o Gustavo vai entender.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

AOS HERÓIS QUE CHAMO: AMIGOS


Em tudo, me lembro das palavras do pós-infante que tentava exprimir sua visão de mundo:
"Deus poderia ter me dado, por pena, vários e vários bons professores, letrados e distantes. Mas, Ele foi muito além: cercou-me de verdadeiros amigos, heróis que me suportam em fases difíceis, sorriem minhas alegrias, consolam na tristeza e ensinam com a própria vida. (...) Deus poderia ter, sim, dado a mim distantes mestres, mas ele preferiu me dar verdadeiros amigos para todo tempo."

Talvez por causa do fim de um estágio, as palavras estejam mais dispersas em minha mente, ou talvez seja o misto dos sentidos latentes dentro de mim que queira expressar em breve crônica alguma gratidão àqueles que merecem.

Nessa vida, tenho visto de tudo. Grandes personagens que chegaram desde cedo se tornarem cada vez mais eternos à convivência; vi pessoas que se juravam eterna companhia simplesmente virarem as costas e sumir. Presenciei a chegada tímida de gente que, atualmente, não sei mesmo como viver sem. Vi a partida daquele que fez o pôr do sol parecer o último de minha vida… E depois, a chegada daqueles que me mostraram que o sol nasceria outra vez e que é minha função o deixar brilhar mais forte, alumiar minh’ alma, expurgar a tristeza, coroar a alegria.

Sou, em toda forma, grato por ter encontrado um feixe de pessoas certas que apareceram por aqui, no meio da estrada. Pessoas que posso chamar de amigos. Que se importam com cada parte do que eu sou, seja quando escrevo, falo, estudo, trabalho, canto, toco o violão de sempre, converso, dou as risadas absurdamente altas, as crises de riso…  e claro, aquelas horas chatas quando eu tenho que falar algo que nem sempre gostamos de ouvir.

Se há poucos anos, eu apreciei à virtude de D’us por ter me dado amigos para me ensinar tudo o que sei… hoje, minha gratidão se consolida ainda mais no fato de Ele mesmo, esse D’us perfeito,  ter me dado a honra de ser diretor desses sujeitos dignos dos melhores predicados.
Se, nesse blog, nunca dou endereços ao certo, dessa vez eu digo: Àqueles músicos que me proporcionam a trabalhar até chegar à melhor versão de mim mesmo, afim de que possamos permanecer crescendo juntos – É uma honra trabalhar com vocês.

Para nós, nada de Adeus. Nos basta um simples até logo e uma prece que o tempo passe rápido.

(Pequena Crônica sobre os Heróis que estiveram comigo por aqui, por ali, no memorável Pompeia Radical Acústico 2013: Escrevendo a História. D’us vos crie e vos defenda!).

Gustavo HG Costa.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

DOIS MILAGRES


Vez em quando o mundo se perde
Vive perambulando,
Solto em meio ao desprezo,
Caminha insensato
E se arrisca à guerra interior.

Quando o caos se instaura,
O Autor da história – por pura graça –
Decide fazer dois milagres,
Sim, dois ao mesmo tempo –
Não por ambição,
Mas por misericórdia dos aqui viventes.

Um milagre é a capacidade de amar,
Se importar com quem nos cerca
E, em seu sentido mais único,
Nos prova que o amor ainda pode domar os corações.

O outro milagre nos é escudo,
A defesa contra as intempéries,
Um esconderijo divino nas dificuldades,
Um abrigo seguro para celebrar alegrias.

Vez em quando o mundo perde o fôlego
E o sábio Criador nos vê,
Se atreve a nos salvar…
Nos manda dois milagres,
Que se misturam entre nós
E nos provam que ainda há motivos pra continuar.

(Tema escrito ao lembrar o que, de fato, as gêmeas Alana e Alexsandra Elian representam para mim...

Uns falariam da forma meiga que a Alana tem de agir, falaria do seu romantismo quase
bucólico, de sua paixão e foco nos objetivos. Esses mesmos, lembrariam da graça incontida da Alexsandra, seu modo de lidar com tudo e de agarrar as situações pelos “chifres” com claro intuito de resolver.

Sobre as duas, simultaneamente? Bem, qualquer ser que respira diria da amizade que elas nos proporcionam… um companheirismo que nem a distância é capaz de apagar, nem o tempo pode acobertar ou, sequer, esfriar. Todos os viventes congruem na certeza de que existe amizade verdadeira e que isso é visto claramente na vida dessas gêmeas que estremecem barreiras.

Ao longo dos anos, percebo as duas como algo além do que tudo que fora supracitado. São, de fato, dois milagres enviados por D’us afim de nos ensinar sobre o que é genuíno no que tange ao amar ao próximo e defender aos que nós amamos. É totalmente cabível que se chamem Alana e Alexandra, afinal, a transliteração mais clara nos é dada como Amável (vindo do Francês) e Escudo de proteção (Vindo do grego), respectivamente.

Meninas, embora a simplicidade de meu vocabulário nunca consiga expressar o quão grande é o favor de D’us por colocar vocês em minha vida, quero agradecer a vocês por cada conversa, cada conselho, pela confiança depositada e a paciência exercida ao longo desses anos. Parabéns pelo aniversário. Vida longa e, faço minhas a palavras do sábio irlandês que disse: “É no abrigo uns dos outros que os amigos vivem”… e foi no abrigo dessa amizade que nos proporcionamos o crescimento.

Forte abraço)

Gustavo HG Costa.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

FÔNICO OU DISFÔNICO


Meu grito político não clama pela liberdade.
O que eu acredito não passa de uma má vontade.
Reduzo o orgulho e me lembro sobre as vaidades,
As calamidades e as realidades das idades.

Eu vivo lidando com tipos estranhos caretas
E me apaixonando por gente sempre imperfeita.
Eu beiro o desentendimento das verdades tão mal feitas.
De pessoas direitas, à espreita e crendo em toda ceita.

Fônico ou disfônico, sempre vou gritar.
Que essa tirania me afoga nesse mar
Feito de ilusões e hipocrisias
Calmaria ao ver sangue jorrar.

Eu gosto de sexo no meio de uma multidão
E do retrocesso de não saber teu nome não.
Sou tão orgulhoso, vaidoso sei que sou o tal,
Inescrupuloso, só eu reino em minha tradição.

Lucas do Sobral e Mattos
Gustavo HG Costa.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

CONVITE AOS MORTAIS


Convite aos meros mortais
Libertos da moral do mundo.

Gritem por verdade,
Peço que gritem.
Ambicionem a liberdade do ir.
Do vir, do ser e estar.

Ceguem os lúcidos
E se afastem do lícito,
Desde que seja o teu desejo.

Manipulem a si mesmos,
Ó, originais do mundo.

Firam os escrúpulos.
Tenham anseio pelo fim da prisão.
Temam a rotina da ditadura,
Da amargura, da arma-dura social

Tirem as couraças,
Tornem-se atingíveis,
Corram o risco de ser vulneráveis

Salvem a criança interior,
Inocentes da carnificina do devir

Compadeçam de si
E da pobreza inerente a vossa culpa.
Descubram às dores da vida,
Da sorte, distância e morte.

Enforquem o desinteresse
E sejam quem são, na verdade.
Creiam.  E façam-no por bel prazer.

Gustavo HG Costa.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

AOS 50

E tudo era só uma história,
Sem métrica ou rima.
Palavras perdidas no tempo,
Extravasando, fluindo,
Como quem, por nada querer,
Só existe.

Glórias passadas
Armazenadas em baús.
Empoeiradas lembranças,
Sem uso, sem costumes,
Romantismos ou folclore.

Nada além do esquecível,
Perdido em meio aos anos
De um ente que não pode falar amor.

Memórias sem sentido
Opressas pelo gênero,
Só por ser o masculino.

À bela amada competia saber:
"Ele é assim:
Dura crosta cultural
Envolvendo um, quem sabe,
Sentimento"

Para ele, afeto se demonstra
Sob o trabalho árduo,
E enxada de sol a sol.

Hoje, aos 50. Viveu nos 60;
Cresceu calado por fora,
Sob juras firmadas num cano 38.

Liberdade?
É escrita por caras pintadas,
Gritos de 'Diretas'
E o direito de ir, de vir,
De ficar, cantar...
Pensar.

Diversifica vocábulos,
Sabe o valor do "eu te amo".
Mais que o Homem,
É cavalheiro:
Finge ceder à quem cuida das panelas.

Criou os donos de seu legado,
Seu orgulho é efetivo
Visto em singular sorriso entreaberto.

Não se curva à ditadura moral,
Ama o político,
Desde que politicamente incorreto,

Uma breve confissão:
Ele, eu… não importa… somos o mesmo.
Nos tempos modernos, jamais admitiria;
Já nesses tempos 'mais' modernos,
Vale tudo.

Lucas do Sobral e Mattos.

sábado, 26 de janeiro de 2013

SOBRE O ROMANCE: SONETO SHAKESPEARIANO


Cotovia, ó cotovia,
Teu rouxinou ‘tá a cantar
À luz do dia, que belo dia…
Raios de sol fazem brotar.

Vem depressa, ó, vem depressa,
Pois, toda vida é nada mais
Que uma peça que prega peças
Separa os tolos dos leais

Sentimentos, alguns momentos,
Por vezes só fazem lembrar...
Que um lamento, pobre tormento…
Pode tentar nos separar

Sofrimento que arde em mim
Me dê a cova e o meu fim.

Gustavo HG Costa.

domingo, 20 de janeiro de 2013

TRAGÉDIA DOS INSENSÍVEIS


Recado aos duros de coração.

Ó, corações de pedra,
Desviantes do desassossego,
Remi vossas falsas tentativas de sucesso;
Escrevam algo com teu sangue
A fim de dar novo uso,
Já que não serve para mais nada.
Mirrados repressores,
Quem vos ambiciona?
Não eu!

Tolos insensíveis, covardes.
Fingem-se valentes,
Mas não passam de ratos de porão.
Deixastes o buraco no peito petrificar
E se tornaram ainda mais fracos,
(Toda dura rocha pode se quebrar)
O que vós podeis fazer quanto a isso?
Sofrerão tanto quanto os pobres de espírito.
A porção que herdastes é solidão.
Vede o que fizestes?

Tal bagunça!
Qual fome, qual guerra, qual morte,
Qual nada pode apagar.
Sem caminho de volta,
Nem futuro a frente.
Vossa única saída é a dor de um coração partido!
Trágico sentimento,
Mas, o único que ainda vos resta a usufruir.
Insensibilidade é a pior das vossas drogas,
No começo, lembra cura;
No trânsito, sofrimento;
No fim…
Só lembra morte.

Gustavo HG Costa.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

VEREDICTO ILEGAL


Culpada!
Acima de tudo, julgo-te culpada.
Acima de todos, eu não te absolvo...
E por esse motivo eu te condeno.

Condeno-te sem direito à apelação,
Julgo-te culpada por tudo que és...

Culpada por ser
E culpada por não pedir desculpa por quem és,
Culpada por roubar corações pra si
E culpada por amar a todos de forma incondicional.

Julgo-te culpada pela luz que irradias
E condeno-te, ainda, ao sacrifício de ser amada

Julgo-te culpada por me deixar julgar sozinho
Como juiz, júri e acusador
Encarcerando-me a impor tua sentença
E, sobretudo, deixando-me julgar-te culpada

Culpada!
Mais uma vez eu digo: Culpada!

Mas, nem em tudo posso condenar-te,
Pois, em parte sou culpado
E minha sentença é proferir tal veredicto ilegal
Ainda que entorpecido pela utopia de teus contrastes.

Condeno-te ao desafio de ser a si mesma;
Sentencio-te a ser reconhecida pela docilidade de tuas cores

Culpada! Sempre culpada
Culpada por raptar corações pra si
E culpada por ter o teu reinado estabelecido.
Outra vez eu digo: culpada!

Culpada por tua ausência de maldade…
E por tua benignidade, te condeno à salvação.

Te acuso e condeno,
Porque és inesquecível,
Porque és impressionante…
Na verdade, imprescindível.

Outra vez eu digo: culpada…
Por meu pleno devaneio e porque me fazes bem

Só espero que me anisties
Por tão severa atitude,
Que sem direito a apelação,
Te condena à plenitude.

Culpada!
Pela última vez repito: culpada!

(Tema dedicado à doce Júlia Leite Fernandes de Carvalho… Nunca pensei que uma loira alta de tão uniforme e impar beleza fosse capaz de estremecer a um mundo. Esse trovão de cores e contrastes residente na mais limpa das almas já vistas pelos homens prova que, por pleno devaneio, caí aplacado pela mais singela das verdades: “quem encontra um amigo, encontra um tesouro”.)

Gustavo HG Costa.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

CORAÇÕES TUPINIQUINS


Corações tupiniquins,
Cidadãos da solidão.
Bandeirantes de si,
Oh, brabos camarás.
Encobrem as mazelas
Das gigantes paixões.
Beijando as gurias,
Largaram ser piás.

Ribombo de ilusão,
Oníricos valentes
Sorrindo e sós por fora,
Calaram o sofrer.
Românticos utópicos
Afogam-se em goros
E sob o seu aio
Supõem-se canções.

Patéticos profetas
De um futuro bom,
Retardam-se no tempo
No sol, com enxada e pá,
Cultivam suas flores
De cor sabem sonhar
E em doce tom fugaz
Aborrecem os seus ais

Seus bosques e florestas
Ocultam emoções.
Urgindo fazem preces,
Querendo solução.
Seus méritos emergem
Adornam-se em querer
A pé seguem caminhos,
De devoção e fé.

Quebraram as correntes
E fingem nem saber,
Que nem toda mentira
Se pode ocultar
À noite em seu quarto
O choro amansará,
Diários de um remorso
Que não vai acabar

Corações que a luz dos sábios
Desiste de entender,
De onde os milagres
Transformam-se em canção.
Seus passos e proezas,
Resumem-se em quinhões
De heranças cultas vindas
Dos sóbrios ancestrais.

Recolhem-se à sombra
De exaspero tal,
Que não se subentende
Sem perceber que há
Romance e tragédia
No mesmo caminhar
Dos velhos infantis,
Corações tupiniquins

Lucas do Sobral e Mattos