... E não o contrário.
À medida que os dias passam, vejo tanta gente dizendo o
contrário que, por vezes, quase me esqueço de que algumas coisas tem ordem
certa para acontecer. Vejo escritores, filósofos, cientistas e pensadores
livres que vivem numa guerra intelectual (ou fingindo uma). De um lado, os
considerados “xiitas do conservadorismo”, que emitem uma opinião e nunca mais
se abrem para ouvir questionamentos que os contrarie. Do outro, estão as
“metamorfoses ambulantes” (se me permitem usar o termo de Raul Seixas).
Na verdade, essa bagunça toda tem me levado a escrever mais
e publicar menos. Encher meus cadernos e HD dos computadores e não
compartilhar, por preguiça de responder aos rótulos. No entanto, hoje eu passeava
pelo mural do Facebook quando li um ‘post’ e um comentário que me chamaram
atenção:
Muitos de meus alunos, durante os anos (...), pararam no que
ensinei naqueles anos, eu não! A revelação é progressiva! A iluminação da
palavra também! Não conheço tudo e nem nunca conhecerei até Jesus voltar! Não
pare no tempo! Se você não tem vergonha do que ensinava e cria há um ano atrás,
VOCÊ PAROU! (...) Estamos sempre crescendo em Deus! Assim como amadurecemos na
vida e temos vergonha de coisas que falamos na ou fizemos na adolescência!
(Arthur Netto).
Esse pensamento que o Arthur colocou em seu mural, chega a
ser um atrevimento que todo professor deveria cometer: Se recusar a estacionar.
E, fazer isso de maneira sábia, realmente, é para poucos. Por isso, humildemente,
peço àqueles que leem este texto gravem bem essas palavras que eu citei, pois
nelas reside uma ordem de fatos.
Nós crescemos. Por isso, mudamos.
Os “xiitas do conservadorismo” terminam se equivocando por
pararem no tempo. Se há uma coisa que nenhum ser humano suporta é gente dona da
verdade. Isso porque o querer crescer é uma necessidade do ser humano. A
auto-realização de ontem nunca é suficiente hoje... É incrível... Nós estamos
sempre atrás do próximo nível, do próximo aprendizado, da próxima vitória.
Quando vem alguém, falando que já exauriu todo conhecimento em algo e, por
isso, ele já sabe tudo sobre aquilo, acabamos totalmente contrariados e, por
isso, resistimos a esse tipo de gente.
Contudo, ao investigar as “metamorfoses ambulantes”, não
encontramos razão no que fazem. Afinal, há como acreditar numa pessoa que muda
de opinião de cinco em cinco minutos? Como estabelecer uma conversa com alguém
que fica se contradizendo por não saber qual é a melhor opção para si mesmo? E
pedir um conselho?... Piorou.
Um extremo decide nunca mudar e, por isso, acaba se
proibindo de crescer, pois, aprende uma nova lição, vê que o ensino é válido,
mas não muda... Fica empacado no mesmo lugar (talvez, por comodismo). Outro
extremo muda o tempo todo antes de aprender qualquer lição. Agarra-se a todo
vento de doutrina, toda moda, toda opinião (talvez, por covardia) e, assim,
sempre quer viver os fins antes dos meios.
Quem ensina alguma coisa, ensina do que viveu, do que viu e
provou. A consequência disso é um novo comportamento/crença sobre algo. Nós,
humanos, crescemos. Por isso mudamos. Aprendemos de mestres que também são
humanos, também estão em fase de crescimento...
Eu tenho uma máxima pessoal que diz: ‘Se você acredita em
tudo igualzinho ao que o teu
professor te ensinou; você não é um aluno, é um gravador’. É óbvio que somos
afetados pelo meio. É claro que absorvemos da fé alheia porque vemos os bons
frutos. Todavia, num ambiente onde duas pessoas creem de modo exatamente igual,
há alguém se anulando em detrimento do outro, ou, no mínimo, há alguém sem
ousadia suficiente para defender sua própria ideia.
Ouvir o ensino daqueles que são mais experientes é muito
importante, evita muitos erros, mas, falando de modo bem popular, é necessário
que cada pessoa dê passos com suas próprias pernas. Esse é o caminho do
crescimento. Viver as próprias experiências e parar de seguir contando somente
o que terceiros vivem.
Geraldo Vandré, compositor Brasileiro, escreveu versos mui
verdadeiros em sua composição “Pra não das flores”. Realmente é “Caminhando, e
cantando, e seguindo a canção...” que o conhecimento consolida para que, ao ver
as ‘lutas’, possamos “fazer a hora” ao invés de ficar esperando alguém fazer
por nós. Só quem trilha o caminho, conhece as curvas que existem. A experiência
nos marca e molda até que chegue o momento que percebemos que tudo em nós já
está diferente: Estamos mudados, porque crescemos.
– Gustavo HG Costa