domingo, 30 de novembro de 2014

CORAÇÃO CIVIL


Pode chegar,
deixei a porta aberta
só pra ver você entrar.

Não tem pressa,
deixei de lado o tempo,
pois, só quero te esperar

Todo dia
encontro mil motivos
porque quero te abraçar

Quem é você
que mora em cada espaço
nos lugares onde vou?

Meu coração civil
só quer bater
por quem eu tanto espero encontrar.
Então, pode chegar,
pois, tudo em mim se viu
sozinho esperando você vir aqui morar

Todo mundo espera alguém chegar...

{música... tenho cantado mais nos últimos dias, para infelicidade dos meus vizinhos - ou não... ainda não recebi reclamações formais.
Compus novas canções naquela falha tentativa de esboçar o tumulto que ronda minha mente; ou, quem sabe, tentar compartilhar de alguma forma o que eu tenho vontade de dizer, mas não consigo sem me esconder atrás das seis cordas de um violão.}

Gustavo HG Costa.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

DESENCANTO

E, no final, o desencanto:
O pavor nas mentes que se desencontram,
A dor dos corpos perdidos em meio às alamedas.

A privação que provocou, em nós, tormento,
Fez o lamento dos lábios que não se encontram
Parecer veneno que corrói por dentro.

“O peito extravasado, o mel correndo”...
Tudo isso que transforma o dia a dia em sofrimento;
Que retira o fôlego, mas não mata logo...

A espera que não se consuma em desgraça,
Que nos torna sem pátria, sem lar...
E sem alguém pra quem voltar;

Trai as almas, que pranteiam sorumbáticas,
Engana e desengana os pobres corações
Ébrios da amargura de não poder amar.

E, no final, o desencanto:
Ávido, corta pele e ossos.
Devastam o que sobrou da mente.

Derrota entes, antes vencedores,
Faz o tolo desbravador de carícias
Perder o tato daquela lhe fora desejo.

Vem como espada afiada, fura o lado,
Pra fazer sangrar angústias de nós,
Podres miseráveis, pó do nada nobre.

Flagela até que se esgote toda lava carmesim,
Até que as córneas putrefatas se desfaçam
E não mais possam enxergar o que há de vir.

Traz, então, a dor da demência moral
(Que alguns chamam de esperança),
Forja armadilhas de paixão e nos encanta...

E, no final, o desencanto...

Gustavo HG Costa

domingo, 26 de outubro de 2014

...OS AMORES?

... e os amores?
São tantos
e passam pelas avenidas
sem dizer de onde vem...
Pra onde vão?

Seu sentido
conta,
aponta
a ponta da flecha
cravada em seu peito.

vem, vão...
percorrem toda a cidade,
mas não são meus

eu,
reles plebeu
rejeitado também nisso
ardo,
mas sem alguém

tal qual um triste trovador
encerrando pranto,
cala a voz
cessa a poesia
por não ter a quem falar

- nefasto sentimento -

deixo desaguar
meu sangramento
corre
de minhas veias
para fora

agora
sem fé
cega
seca
o coração.

Gustavo HG Costa.

domingo, 19 de outubro de 2014

BRASIL EM RÓTULO E VERSO REGULAR

Estes brancos,
Estes pretos,
Estes índios,
Estes outros.

Estes ricos,
Os escravos,
Os fodidos,
Os amantes.

Estas bruxas,
Pobres putas,
Fêmeas dóceis,
Abusadas.

As peruas
Boqueteiras,
As passivas
Trepadeiras.

Estes donos,
Serviçais,
Animais
E anormais...

Empresários
Traficantes,
Charlatões
Mal-empregados.

Estes bons,
Estes maus,
Inocentes
E culpados

Usuários,
E bandidos,
E otários,
E banidos.

Femininas,
Fêmeas lindas,
Feias minas,
Feministas.

Brincalhonas
Gozadoras,
Sorridentes
Gozadeiras.

Estes santos
Violentos,
Arrombados,
Misturados.

Abastados,
Os bastardos,
Abestados,
Acabados.

Os espertos
Criminosos.
Vigaristas
Fi' de puta.

As esposas,
As pilantras,
As coitadas,
As piranhas.

Estas damas
E as mucamas.
Estas merdas
E megeras.

Esta gente,
Quase gente,
Estes trouxas,
Este resto...

Votam nele,
Votam nela,
Nunca voltam,
Não se importam.


Lucas do Sobral e Mattos.

sábado, 8 de março de 2014

DESTINO

Sem ti, o que faço?
Pra que dar passos,
Se agora a alma não precisa de rumo?
Tu és meu norte,
O porquê da longa viagem.
E aqui estou…
Ao teu lado toda dor se esvai.
És o sentido
Para onde sopram, os ventos,
O destino de meu peregrino existir…

Sem ti, sou barco sem remos,
Pleno não senso,
Sombra de um futuro bom que não vai chegar.
Existir sem ti…
Incompreensível sofrimento
Que, te tão amargo,
Seca a boca, molha os olhos…
És causa e efeito…
Motivo desse pobre navegante

Ir tão longe para ser feliz.

Gustavo HG Costa.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

FRATURA EXPOSTA

Estou tão farto de tua existência.
Até o teu silêncio incomoda…
Tua vida,
Tua doença,
Tua morte,
Ou qualquer coisa
Que possa se chamar de tua.

Teu violão desafinado,
Ou a música que só você acha de bom gosto
O desgosto,
O desrespeito,
O fôlego que te dá
Mais uns segundos para viver…

Tudo isso me destrói por dentro.
Meu intento é voltar no tempo,
Apagar-te,
Dar-me ar…
Escrever algo por cima
Do momento que primeiro te vi.

Desprezo, agora, é o que, de mim tens.
Nego dar-te, de novo, ouvido,
Razão,
Resposta.
“Isso não é uma escolha,
É uma fratura exposta”

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

CRESCEMOS. POR ISSO, MUDAMOS.

... E não o contrário.
À medida que os dias passam, vejo tanta gente dizendo o contrário que, por vezes, quase me esqueço de que algumas coisas tem ordem certa para acontecer. Vejo escritores, filósofos, cientistas e pensadores livres que vivem numa guerra intelectual (ou fingindo uma). De um lado, os considerados “xiitas do conservadorismo”, que emitem uma opinião e nunca mais se abrem para ouvir questionamentos que os contrarie. Do outro, estão as “metamorfoses ambulantes” (se me permitem usar o termo de Raul Seixas).
Na verdade, essa bagunça toda tem me levado a escrever mais e publicar menos. Encher meus cadernos e HD dos computadores e não compartilhar, por preguiça de responder aos rótulos. No entanto, hoje eu passeava pelo mural do Facebook quando li um ‘post’ e um comentário que me chamaram atenção:
Muitos de meus alunos, durante os anos (...), pararam no que ensinei naqueles anos, eu não! A revelação é progressiva! A iluminação da palavra também! Não conheço tudo e nem nunca conhecerei até Jesus voltar! Não pare no tempo! Se você não tem vergonha do que ensinava e cria há um ano atrás, VOCÊ PAROU! (...) Estamos sempre crescendo em Deus! Assim como amadurecemos na vida e temos vergonha de coisas que falamos na ou fizemos na adolescência! (Arthur Netto).
Esse pensamento que o Arthur colocou em seu mural, chega a ser um atrevimento que todo professor deveria cometer: Se recusar a estacionar. E, fazer isso de maneira sábia, realmente, é para poucos. Por isso, humildemente, peço àqueles que leem este texto gravem bem essas palavras que eu citei, pois nelas reside uma ordem de fatos.
Nós crescemos. Por isso, mudamos.
Os “xiitas do conservadorismo” terminam se equivocando por pararem no tempo. Se há uma coisa que nenhum ser humano suporta é gente dona da verdade. Isso porque o querer crescer é uma necessidade do ser humano. A auto-realização de ontem nunca é suficiente hoje... É incrível... Nós estamos sempre atrás do próximo nível, do próximo aprendizado, da próxima vitória. Quando vem alguém, falando que já exauriu todo conhecimento em algo e, por isso, ele já sabe tudo sobre aquilo, acabamos totalmente contrariados e, por isso, resistimos a esse tipo de gente.
Contudo, ao investigar as “metamorfoses ambulantes”, não encontramos razão no que fazem. Afinal, há como acreditar numa pessoa que muda de opinião de cinco em cinco minutos? Como estabelecer uma conversa com alguém que fica se contradizendo por não saber qual é a melhor opção para si mesmo? E pedir um conselho?... Piorou.
Um extremo decide nunca mudar e, por isso, acaba se proibindo de crescer, pois, aprende uma nova lição, vê que o ensino é válido, mas não muda... Fica empacado no mesmo lugar (talvez, por comodismo). Outro extremo muda o tempo todo antes de aprender qualquer lição. Agarra-se a todo vento de doutrina, toda moda, toda opinião (talvez, por covardia) e, assim, sempre quer viver os fins antes dos meios.
Quem ensina alguma coisa, ensina do que viveu, do que viu e provou. A consequência disso é um novo comportamento/crença sobre algo. Nós, humanos, crescemos. Por isso mudamos. Aprendemos de mestres que também são humanos, também estão em fase de crescimento...
Eu tenho uma máxima pessoal que diz: ‘Se você acredita em tudo igualzinho ao que o teu professor te ensinou; você não é um aluno, é um gravador’. É óbvio que somos afetados pelo meio. É claro que absorvemos da fé alheia porque vemos os bons frutos. Todavia, num ambiente onde duas pessoas creem de modo exatamente igual, há alguém se anulando em detrimento do outro, ou, no mínimo, há alguém sem ousadia suficiente para defender sua própria ideia.
Ouvir o ensino daqueles que são mais experientes é muito importante, evita muitos erros, mas, falando de modo bem popular, é necessário que cada pessoa dê passos com suas próprias pernas. Esse é o caminho do crescimento. Viver as próprias experiências e parar de seguir contando somente o que terceiros vivem.
Geraldo Vandré, compositor Brasileiro, escreveu versos mui verdadeiros em sua composição “Pra não das flores”. Realmente é “Caminhando, e cantando, e seguindo a canção...” que o conhecimento consolida para que, ao ver as ‘lutas’, possamos “fazer a hora” ao invés de ficar esperando alguém fazer por nós. Só quem trilha o caminho, conhece as curvas que existem. A experiência nos marca e molda até que chegue o momento que percebemos que tudo em nós já está diferente: Estamos mudados, porque crescemos.



– Gustavo HG Costa