quinta-feira, 27 de novembro de 2014

DESENCANTO

E, no final, o desencanto:
O pavor nas mentes que se desencontram,
A dor dos corpos perdidos em meio às alamedas.

A privação que provocou, em nós, tormento,
Fez o lamento dos lábios que não se encontram
Parecer veneno que corrói por dentro.

“O peito extravasado, o mel correndo”...
Tudo isso que transforma o dia a dia em sofrimento;
Que retira o fôlego, mas não mata logo...

A espera que não se consuma em desgraça,
Que nos torna sem pátria, sem lar...
E sem alguém pra quem voltar;

Trai as almas, que pranteiam sorumbáticas,
Engana e desengana os pobres corações
Ébrios da amargura de não poder amar.

E, no final, o desencanto:
Ávido, corta pele e ossos.
Devastam o que sobrou da mente.

Derrota entes, antes vencedores,
Faz o tolo desbravador de carícias
Perder o tato daquela lhe fora desejo.

Vem como espada afiada, fura o lado,
Pra fazer sangrar angústias de nós,
Podres miseráveis, pó do nada nobre.

Flagela até que se esgote toda lava carmesim,
Até que as córneas putrefatas se desfaçam
E não mais possam enxergar o que há de vir.

Traz, então, a dor da demência moral
(Que alguns chamam de esperança),
Forja armadilhas de paixão e nos encanta...

E, no final, o desencanto...

Gustavo HG Costa

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